MANOEL VAZ DE LOUREIRO
( União dos Palmares, Alagoas, 19/4/1889 – Maceió, Alagoas, 11/10/1951).
Foi um boêmio atormentado e infeliz. O álcool, de que abusara numa volúpia de suicida desde a juventude.
Poeta, jornalista. Foi revisor do Diário Oficial, redator do O Gutenberg, da A Gazeta de Alagoas e do Jornal de Alagoas.
A sua produção literária, notadamente a poética, é vasta e variada, sendo facilmente encontrada em todos os jornais e revistas de Alagoas.
Obras: Aleluia, Maceió, Tip. Oriental, ABC das Alagoas 187 [1924] ; Horas Madrastas (Sonetos Inéditos), Maceió, Livraria Fonseca Tipografia, 1926.
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
BUENA-DICHA
No dia em que nasci (minha mãe é que quem diz)
Vieram todos a rir? —Quero vê-lo também!
Exclamando ao me ver: —Deus te faça feliz!
E minha mãe dizia enternecida: —Amém...
Depois, cresci. Cresci, enfim, homem me fiz,
E, Rabino de amor, minha Jerusalém
Um dia fui buscar, um dourado país,
Onde morava o sonho e imperava o Bem.
E parti. Caminhei. Quando o primeiro espinho
Sangrou-me os pés, seu quis voltar, mas o caminho
Que me ficara atrás, havia-se fechado...
No entanto, ao nascer, toda a gente dizia:
Deus te faça feliz! Mas suprema ironia,
Não tenho sido mais que um grande desgraçado.
NATAL
Dia feito de amor, de canções, de esperança!
Anda em tudo um perfume auroral de Jesus.
Em festa, os sabiás cavatinam nas franças,
E o sol saúda a terra em sonatas de luz.
Vitórias-régias vêm à tona d´água e a flux.
Das campinas em flor, boiam pombinhas mansas.
Floram os roseirais e os berilos azuis,
E eu sinto, dentro de mim, dolorosas lembranças.
O céu todo parece um intérmino abrigo,
E a terra, num germinal de risos, e eu me ponho
Chorando a minha dor, em surdina, comigo.
Natal! Dia de amor, dia meigo e risonho,
Passas! E eu fico aqui, monge de um credo antigo,
Rezando os funerais do meu último sonho.
*
VEJA e LEIA outros poetas de ALAGOAS em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/alagoas/alagoas.html
Página publicada em junho de 2021
|